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Falando sobre arranjo musical (parte 2)

  • Foto do escritor: Guilherme Sparrapan
    Guilherme Sparrapan
  • 10 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura

Tipos de arranjo - divagando


No post anterior (Falando sobre arranjo musical (parte 1)) mencionei duas definições (do dicionário Grove, por Malcon Boyd, e do dicionário Larrousse) a respeito da palavra arranjo. Observando essas definições com mais cuidado e considerando que grande parte a música ocidental é composta utilizando 12 alturas diferentes, podemos considerar que quase toda música é algum tipo de arranjo em certo grau.


Existem formas musicais consagradas do repertório que trabalham o arranjo, ou a reelaboração musical de uma maneira mais explícita, como por exemplo tema e variação. O tema contém a base para aquilo que o compositor irá construir. As variações podem ser feitas de várias maneiras, mas não escapam as seguintes possibilidades: alterações ferramentais e alterações estruturais.


Mão na massa


Alterações ferramentais


Segundo a pesquisadora Flávia Pereira em sua tese de doutorado, As práticas de reelaboração musical, aspectos ferramentais são: meio instrumental, altura, timbre, textura, sonoridade, articulação, acento, dinâmica.


Sendo assim, alterações dos aspectos ferramentais estão em todo arranjo. Eles são mais importantes quando o compositor/arranjador busca manter a mesma sensação de escuta da música original. Para os dias atuais (ou pelo menos no meio em que convivo), segue uma pequena lista de exemplos de arranjos que buscam alterar somente os aspectos ferramentais:

  • arranjo musical para casamento

  • arranjo musical de cerimônias (dizendo de maneira mais geral)

  • arranjo musical para festas

  • Orquestração

  • Transcrição

Existem mais práticas que podem se encaixar nessa lista mas, o ponto em comum de todos eles é que a estrutura musical não está alterada. Em outras palavras,o ouvinte irá reconhecer a música assim que ela começar a soar.


Alterações estruturais


Já arranjos que alteram a estrutura, em geral, modificam aspectos mais intrínsecos da música: estrutura melódica, harmônica, rítmica, formal. Dessa forma, quando um arranjador/compositor altera esses aspectos o ouvinte terá surpresas diferentes da música original.

A forma clássica tema e variação mencionada no começo desse post é um bom exemplo desse tipo de arranjo. Cada variação sofre uma ou mais alterações estruturais, podendo ser a mudança do modo (de maior para menor, ou vice-versa), mudança rítmica (compasso simples ou composto), alterações melódicas (prolongando frases ou diminuindo-as), alteração na ordem das frases (alterações da forma), e assim por diante, conforme a inspiração do compositor o quiser.

Em minha prática popular, um arranjo para instrumento solo, ou para uma nova formação, é muito bem recebido quando altera aspectos estruturais, principalmente quando as alterações trazem novos ares mas mantém a essência do original.


Frigir dos ovos


A palavra arranjo traz consigo vários significados, interpretações e por vezes preconceitos. Ela tanto pode limitar a compreensão quanto superestimar a música. A pesquisadora Pereira (já mencionada neste post) sugere a utilização do termo reelaboração, termo com o qual me identifico muito. Ela também faz uma análise histórica dos processos de reelaboração

Pensando com mais afinco nos tipos de arranjos que convivemos nos dias de hoje, consigo classificar as reelaborações musicais ou arranjos musicais em dois tipos:


Reelaboração prática

São arranjos que tentam transpor a sensação musical original para uma nova formação instrumental, ou para um ambiente diferente do originário. (Arranjos musicais para casamento, cerimônias, festas, para diferentes grupos instrumentais, transcrição, orquestração)


Reelaboração autoral

São arranjos que mantém elementos da música original mas propõem novos tipos de escuta em relação ao material original.

As reelaborações autorais tem um pouco de história nas cadências dos concertos clássicos (quando os intérpretes as criavam, ou quando os compositores escreviam utilizando fragmentos musicais do concerto), nas práticas de tema e variação, paráfrase e outras formas musicais conhecidas. Já as reelaborações práticas surgem à necessidade e as vezes vontade de trazer uma música criado em um ambiente específico para outro meio instrumental.

É fato que esse “frigir de ovos” está atrelado a minha vivência, tanto pessoal quanto sociocultural, sendo assim é uma verdade momentânea ou apenas localizada. Pode ser que o que veem a ser um arranjo musical mude completamente daqui algum tempo, mas a relação de aspectos ferramentais x estruturais hão de se manter.

 
 
 

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