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Falando sobre arranjo musical (parte 1)

  • Foto do escritor: Guilherme Sparrapan
    Guilherme Sparrapan
  • 3 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura

A palavra arranjo, por mais conhecida que possa ser, pode ter inúmeros significados. A época em questão, o meio musical em que se está, ou mesmo da situação social que nos encontramos (por exemplo, em uma festa com música ao vivo ou em uma sala de concerto) o conceito do que vem a ser um arranjo musical pode ter muitas interpretações.


A popularização do tema arranjo talvez tenha se dado em meados do século XIX, por conta de dois fatores: a venda de partituras impressas e a invenção do piano de armário, ou o piano em pé. Com o piano se tornando mais acessível às pessoas e tendo a possibilidade da venda de partituras em grande escala, os editores perceberam que existia um público amador que merecia atenção. Para essas pessoas passaram a ser vendidas edições simplificados de obras orquestrais famosas, ou de melodias/canções conhecidas de renomados compositores. E é exatamente desse período que muito do preconceito que se tem com a palavra arranjo surge. Arranjo, no meio da música de concerto, durante décadas foi sinônimo de simplificação.


Em contrapartida, se a simplificação musical não era bem vista aos olhos do compositores e amantes da música de concerto, o arranjo de uma canção popular sempre foi muito bem recebido. Até os dias de hoje a música instrumental popular (como jazz, choro) valoriza muito o arranjo do intérprete. É de se esperar que o músico que está se apresentando realize variações, modifique a harmonia e mostre virtuosismo em melodias conhecidas, tanto do próprio músico quanto de outras pessoas.


O termo arranjo é bem mais amplo do que esses dois conceitos, ele acaba sendo um guarda-chuvas de inúmeras possibilidades composicionais. Se buscarmos as definições nos famosos dicionários musicais, como Grove-Oxford, encontramos a seguinte definição pelo musicólogo Malcon Boyd:

“(…)aplica-se a toda música do ocidente de Hucbald a Hindemith, desde que cada composição envolve a reorganização dos componentes melódicos e harmônicos básicos e constantes, onde estes podem ser entendidos como pertencentes à série harmônica ou escala cromática. Num sentido mais estrito, mas ainda amplamente compreendido, o termo arranjo pode ser utilizado por toda peça de música baseada sobre, ou na incorporação de um material pré-existente. Assim, a forma variação, o contrafactum, a missa-parodis, o cantus firmus, implicam em certa dose de arranjo. Num sentido comumente utilizado entre os músicos, entretanto, a palavra pode ser compreendida como sendo a transferência de uma composição de um meio a outro, ou como uma elaboração (ou simplificação) de uma peça com ou sem mudança de meio instrumental."

(O artigo completo é super interessante, mostrando uma evolução da prática desde de antes do século XV até nossos tempos atuais.)


Nessa lógica abordada por Boyd, tudo pode ser um arranjo. As composição que se intitulam forma e variação, por exemplo. Transcrições, orquestrações, paráfrases, são arranjos também. Arranjo de música para piano solo, arranjo de música para teclado, arranjo de música para casamento, também são igualmente arranjos. Agora, será que o são similarmente? Há uma maneira de se classificar e de se criar um arranjo. Essa maneira se vale de dois conceitos: aspectos ferramentais e aspectos instrumentais de uma música. Através desses dois escopos é possível comparar arranjos de maneira clara, fugindo de pré-conceitos que porventura tenhamos. Eles clarificam aquilo que queremos com o arranjo e aquilo que foi feito com a música.


Mas isso ficará para o próximo post!

 
 
 

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